Nossa consultoria www.robertoroche.com.br está sentindo uma dificuldade de nossos atuais clientes da Agroindústria tanto nas cooperativas e fazendas em geral que nos procuraram uma certa preocupação quanto a exportação dos produtos para o mercado UE, e, não é para menos, realmente as cobranças aumentaram e com certas peculiaridades.
Vamos entender como as recentes diretivas ESG da UE estão impactando as exportações brasileiras e quais medidas as empresas nacionais precisam adotar para se manterem competitivas no mercado europeu.
Na era da globalização e da crescente consciência ambiental, as diretrizes ESG (Environmental, Social and Governance) da União Europeia estão redefinindo o panorama do comércio internacional.
Para o Brasil, um dos maiores exportadores mundiais de commodities e produtos agrícolas, essas novas regulamentações representam tanto desafios quanto oportunidades.
A Nova era dos Relatórios de Sustentabilidade
A União Europeia tem sido pioneira na implementação de políticas voltadas para a sustentabilidade e a transparência corporativa.
Uma das mudanças mais significativas nesse sentido é a introdução de novas orientações para os relatórios de sustentabilidade.
A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD – Corporate Sustainability Reporting Directive) é um marco nessa evolução.
A CSRD amplia significativamente o escopo e a profundidade das informações que as empresas devem divulgar sobre seus impactos ambientais e sociais.
Para as empresas brasileiras que exportam para a UE, isso significa uma necessidade urgente de adaptar suas práticas de relatórios.
Não basta mais apresentar dados genéricos sobre sustentabilidade; agora, é preciso fornecer informações detalhadas e verificáveis sobre a pegada de carbono, uso de recursos naturais, condições de trabalho e políticas de governança.
Essa nova realidade exige que as empresas brasileiras invistam em sistemas robustos de coleta e análise de dados ESG.
A transparência e a precisão dessas informações serão cruciais para manter a confiança dos parceiros europeus e cumprir as regulamentações cada vez mais rigorosas.
CBAM: O Desafio do Inventário de Carbono
Uma das diretivas mais impactantes para os exportadores brasileiros é o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM – Carbon Border Adjustment Mechanism).
Esta medida visa equalizar os custos de carbono entre os produtos produzidos na UE e os importados, prevenindo o chamado “vazamento de carbono”.
Para os exportadores brasileiros, especialmente nos setores de alta emissão como siderurgia, cimento e fertilizantes, o CBAM representa um desafio significativo.
A diretiva obriga os exportadores a realizar um inventário detalhado das emissões de carbono associadas à produção e transporte de seus produtos.
Isso inclui não apenas as emissões diretas, mas também as indiretas ao longo da cadeia de suprimentos.
A implementação do CBAM exigirá das empresas brasileiras:
1. Investimentos em tecnologias de medição e monitoramento de emissões.
2. Desenvolvimento de expertise interna em contabilidade de carbono.
3 Possível redesenho de processos produtivos para reduzir a intensidade de carbono.
4. Engajamento ativo com fornecedores para mapear e reduzir emissões na cadeia de valor.
Embora desafiador, o CBAM também oferece oportunidades.
Empresas brasileiras que se anteciparem e desenvolverem processos de baixa emissão podem ganhar vantagem competitiva no mercado europeu.
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As Novas Regulações do Banco Central Europeu
O setor financeiro também está no centro das novas diretrizes ESG da UE.
O Banco Central Europeu (BCE) introduziu regulações que exigem que as instituições financeiras avaliem e divulguem os riscos climáticos em seus portfólios.
Isso tem implicações diretas para as empresas brasileiras que buscam financiamento ou investimento europeu.
Para se alinhar com essas regulações, as empresas brasileiras precisarão:
● Integrar considerações climáticas em seus modelos de negócios e estratégias de longo prazo.
● Desenvolver métricas claras para avaliar e reportar riscos climáticos.
● Implementar governança robusta para supervisionar questões relacionadas ao clima.
Essas medidas não apenas facilitarão o acesso ao capital europeu, mas também fortalecerão a resiliência das empresas brasileiras frente aos desafios climáticos.
TCFD e CSRD: Alinhando-se aos Padrões Globais
A Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) e a já mencionada Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) são dois frameworks que estão moldando o futuro dos relatórios ESG globalmente.
Para as empresas brasileiras, alinhar-se a esses padrões não é apenas uma questão de conformidade com as regulações da UE, mas uma oportunidade de se posicionar como líderes em sustentabilidade no mercado global.
O TCFD fornece recomendações para divulgações financeiras relacionadas ao clima, focando em quatro áreas principais: governança, estratégia, gestão de riscos, e métricas e metas.
Já o CSRD vai além, exigindo divulgações detalhadas sobre uma gama mais ampla de questões ESG.
Para se adequar a esses padrões, as empresas brasileiras precisarão:
1. Desenvolver uma compreensão profunda dos riscos e oportunidades relacionados ao clima em seus setores.
2. Implementar processos para integrar considerações climáticas na tomada de decisões estratégicas.
3. Estabelecer metas baseadas na ciência para redução de emissões e outros impactos ambientais.
4. Investir em treinamento e capacitação de equipes para lidar com questões ESG complexas.
As novas diretivas ESG da UE representam um ponto de inflexão para as exportações brasileiras.
Embora os desafios sejam significativos, as oportunidades de inovação e liderança em sustentabilidade são igualmente importantes.
Para navegar com sucesso neste novo cenário, as empresas brasileiras devem:
- Adotar uma abordagem proativa para a sustentabilidade, integrando-a ao core business.
● Investir em tecnologias e sistemas que permitam uma gestão e relatórios ESG eficazes.
● Engajar-se ativamente com stakeholders, incluindo reguladores, investidores e comunidades.
● Colaborar com parceiros na cadeia de suprimentos para abordar desafios ESG de forma holística.
● Desenvolver competências internas em áreas como contabilidade de carbono, gestão de riscos climáticos e relatórios de sustentabilidade.
As organizações que conseguirem se adaptar a esse novo paradigma não apenas manterão sua competitividade no mercado europeu, mas também estarão bem-posicionadas para liderar a transição global para uma economia mais sustentável e resiliente.
Em conclusão, as diretivas ESG da UE estão redefinindo as regras do comércio internacional.
Para o Brasil, isso representa uma oportunidade de transformar desafios em vantagens competitivas, posicionando-se como um líder global em práticas empresariais sustentáveis e responsáveis.
O futuro do comércio internacional será verde, e as empresas brasileiras têm o potencial de estar na vanguarda dessa revolução.
Estamos juntos