As organizações precisam priorizar seus investimentos de forma criteriosa.
Para isso, construir um argumento sólido em favor da sustentabilidade é fundamental e o entendimento do retorno sobre o investimento (ROI) é peça-chave nesse processo.
Compreender o ROI permite avaliar a relevância das ações sustentáveis com base em critérios de negócio, além de reforçar que a sustentabilidade deve ser integrada à estratégia organizacional de longo prazo, não sendo uma iniciativa pontual.
Atualmente, muitas empresas já reconhecem os benefícios de incorporar a sustentabilidade em suas estratégias de negócios.
Essa mudança reflete uma maior consciência sobre os ganhos potenciais dessas práticas, exigindo uma revisão de pontos fundamentais.
Dois pontos merecem destaque:
Primeiro, a apresentação dos benefícios mais relevantes do investimento em sustentabilidade;
Segundo a necessidade de medir e comunicar esses retornos de forma clara e consistente.
Essas ações são essenciais para manter o engajamento, otimizar a alocação de recursos e consolidar a sustentabilidade como um pilar estratégico das organizações.
Nos últimos anos, a capacidade de medir o ROI das iniciativas sustentáveis avançou significativamente.
Relatórios recentes, como o do Capgemini Research Institute, oferecem dados claros sobre os benefícios da integração estratégica do ESG.
- Excelência operacional e redução de custos:
Empresas que adotam práticas sustentáveis conseguem reduzir custos em até 21%, otimizando a gestão de resíduos, aprimorando a eficiência energética, melhorando a logística e utilizando recursos como água de forma mais responsável.
Essas ações geram benefícios financeiros imediatos e fortalecem a resiliência operacional diante de desafios como inflação, volatilidade de recursos e interrupções na cadeia de suprimentos.
- Crescimento comercial:
Organizações com foco sustentável relatam aumento nas vendas, entrada em novos mercados, adaptação às mudanças nas expectativas dos consumidores e destaque em setores altamente competitivos.
Assim, a sustentabilidade torna-se diferencial competitivo e impulsiona o crescimento além das abordagens tradicionais.
- Impulso à inovação:
Cerca de 70% das empresas pesquisadas indicaram que as iniciativas de sustentabilidade aceleraram o ritmo da inovação, levando à revisão de práticas convencionais, estimulando a criatividade e resultando no desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de negócio.
- Reputação e confiança:
Segundo 81% das organizações pesquisadas, as ações sustentáveis melhoraram a reputação da marca, a confiança dos clientes e o envolvimento das partes interessadas, fortalecendo relacionamentos e consolidando a credibilidade organizacional.
Esses benefícios, corroborados por diversos estudos, comprovam que a integração estratégica da sustentabilidade oferece um retorno claro para as empresas.
Além dos ganhos, é fundamental considerar os custos da inação.
Ignorar riscos sociais e ambientais pode resultar em perda de competitividade, sanções regulatórias, danos reputacionais e dificuldades para atrair talentos e financiamentos.
Mesmo que nem sempre sejam imediatamente visíveis, esses impactos já afetam o desempenho e a resiliência das organizações.
O valor da sustentabilidade está amplamente documentado.
O próximo passo é aprofundar a compreensão desse valor, aprimorando a mensuração e a comunicação de seus resultados.
Como em qualquer investimento, compreender o retorno financeiro, operacional ou estratégico é essencial para validar a relevância das ações sustentáveis e possibilitar sua ampliação.
Em um ambiente de recursos limitados e crescente complexidade, o argumento pela sustentabilidade precisa ser robusto para garantir a continuidade das iniciativas independentemente de mudanças de agenda ou liderança.
Um desafio comum é a desconexão entre as áreas financeira e do ESG.
Para superá-lo, é fundamental construir uma visão compartilhada de valor, baseada em definições e métricas claras.
Para isso, é recomendável adotar frameworks reconhecidos internacionalmente, como o GRI (Global Reporting Initiative) e o SASB (Sustainability Accounting Standards Board), que auxiliam na padronização da coleta de dados e na análise dos impactos ESG.
O uso dessas metodologias facilita a comparação entre empresas e setores, promovendo transparência e credibilidade nos resultados mensurados.
Nesse contexto, o envolvimento de equipes multidisciplinares e o investimento em tecnologia para monitoramento contínuo são fatores que potencializam a eficácia da avaliação do ROI sustentável.
Esse alinhamento evita que as iniciativas de sustentabilidade sejam marginalizadas e permite o uso dos mesmos critérios financeiros aplicados em decisões sobre tecnologia, talentos ou estratégias de mercado.
O desafio, porém, não está restrito à mensuração do ROI.
Comunicar esses resultados de forma eficaz a diferentes públicos — como investidores e gestores é igualmente importante.
Cada parte interessada tem objetivos específicos, e demonstrar como a sustentabilidade contribui para esses objetivos, utilizando linguagem clara e relevante, é essencial para conquistar apoio e promover o engajamento coletivo.
A capacidade de definir, medir e comunicar com precisão o ROI dos investimentos em sustentabilidade será decisiva para que essas ações sejam vistas como alavancas estratégicas, e não apenas centros de custo, assegurando competitividade no longo prazo.
Diante das crescentes pressões externas e transformações internas, as empresas que fortalecerem o argumento de negócios para a sustentabilidade estarão mais preparadas para sustentar seus esforços, ampliar o impacto de suas ações e consolidar a sustentabilidade como elemento estrutural de sua estratégia corporativa.
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