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ESG e Sustentabilidade: Distinções e Complementaridades Conceituais

Mais um evento que participo e de novo os profissionais que participaram, embaralhando os conceitos e impondo suas verdades, pena, entendo que querem vender seu peixe, mas está ficando chato, muitos vem me questionar por que não interveio e não falei nada!

Jamais desrespeitaria um colega em sua palestra ou discussão, quem sou eu, mas posso tentar esclarecer de uma maneira mais simples “de novo “,

Muitas vezes, percebo que a confusão entre ESG e sustentabilidade resulta não apenas de desconhecimento, mas também de interesses distintos dentro do mercado.

 A falta de clareza conceitual dificulta debates produtivos e impede que avanços reais sejam feitos na implementação dessas práticas.

 Por isso, vejo como fundamental promover discussões abertas e baseadas em evidências, onde o objetivo principal seja construir conhecimento coletivo, e não apenas defender pontos de vista pessoais ou estratégias de venda.

Bem, vamos ao texto para esclarecer alguns pontos

Os termos Ambiental, Social e Governança (ESG) e sustentabilidade são frequentemente usados de forma intercambiável no discurso acadêmico e profissional; no entanto, eles derivam de tradições intelectuais divergentes e servem a propósitos funcionais distintos dentro dos sistemas organizacionais e financeiros.

Para compreender as diferenças e complementaridades entre ESG e sustentabilidade, é fundamental analisar como ambos os conceitos dialogam e se aplicam às práticas empresariais contemporâneas.

Essa diferenciação é essencial para evitar simplificações e promover uma abordagem mais crítica sobre o papel das empresas na agenda socioambiental.

Além disso, é importante destacar que, embora ambos os conceitos compartilhem preocupações com impactos ambientais e sociais, suas abordagens diferem quanto ao escopo e à profundidade das transformações propostas.

Enquanto o ESG tende a se concentrar em riscos e oportunidades relevantes para o negócio.

A sustentabilidade desafia as empresas a repensarem seus modelos de negócio, considerando não apenas a geração de valor para os acionistas, mas também para toda a sociedade e o meio ambiente.

Essa distinção reforça a necessidade de uma análise crítica sobre a integração efetiva dessas agendas nas estratégias corporativas.

Ao analisar a integração desses conceitos nas estratégias corporativas, percebe-se que o uso indiscriminado dos termos pode mascarar desafios práticos e comprometer a efetividade das ações implementadas.

 Enquanto o ESG foca em métricas objetivas e relatórios padronizados, a sustentabilidade exige uma abordagem holística que envolve mudanças culturais, estratégicas e operacionais nas organizações.

Origem e Propósito

O ESG originou-se no domínio das finanças como uma estrutura orientada para o investidor, projetada para avaliar até que ponto os fatores ambientais, sociais e de governança influenciam o desempenho financeiro e o perfil de risco de uma empresa (Friede, Busch e Bassen, 2015).

Sua ênfase reside principalmente na materialidade, ou seja, sobre como as externalidades podem afetar o valor da empresa e, por extensão, os retornos aos acionistas.

A criação do termo ESG marcou uma resposta pragmática à pressão de investidores e reguladores por maior transparência nos impactos das empresas além dos resultados financeiros.

 Esse conceito ganhou força a partir dos anos 2000, especialmente após iniciativas como o Pacto Global da ONU e os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), consolidando métricas e critérios específicos para avaliação do desempenho socioambiental corporativo.

 Por outro lado, a sustentabilidade, enquanto conceito, tem raízes mais antigas e abrangentes, englobando dimensões éticas, sociais, ambientais e econômicas desde a formulação do Relatório Brundtland em 1987, sendo incorporada progressivamente por diferentes setores e organizações.

Consequentemente, as métricas e divulgações ESG evoluíram como instrumentos de responsabilidade para os investidores, e não como mecanismos de mudança transformadora.

Sustentabilidade como um paradigma mais amplo

Em contraste, a sustentabilidade é fundamentada na busca da viabilidade socioecológica de longo prazo. Implica a criação de valor duradouro por meio da administração responsável do capital natural e humano, garantindo que as necessidades atuais sejam atendidas sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias (WCED, 1987).

A sustentabilidade, portanto, transcende a materialidade financeira, abrangendo integridade ecológica, equidade social e responsabilidade intergeracional como objetivos centrais.

A lacuna ESG-Sustentabilidade

Apesar de sua interseção, a operacionalização do ESG geralmente resulta em uma abordagem estreita orientada para a conformidade.

As empresas podem se envolver em relatórios extensivos, divulgando dados de emissões ou estruturas de governança, sem obter melhorias substanciais nos resultados ambientais ou sociais.

 Tais práticas destacam a limitação inerente do ESG como uma ferramenta de diagnóstico e não de transformação (Kotsantonis & Pinney, 2021).

Em contraste, as estruturas de sustentabilidade buscam reorientar o propósito organizacional para a mudança sistêmica e a criação de valor regenerativo.

Em suma, o ESG funciona principalmente como um mecanismo de garantia do investidor e conformidade regulatória, enquanto a sustentabilidade representa uma estrutura normativa voltada para resiliência de longo prazo, relevância e bem-estar coletivo.

Embora complementares, os dois conceitos não são sinônimos: o ESG mede como os riscos relacionados à sustentabilidade afetam a empresa, enquanto a sustentabilidade examina como a empresa afeta o mundo.

Reconhecer e integrar ambas as perspectivas continua sendo um desafio central para a pesquisa contemporânea de governança corporativa e finanças sustentáveis.

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