A única coisa boa de um acidente é o aprendizado que se tira dele.
Investigando e analisando as causas raiz sobre acidentes de trabalho e acidentes socioambientais têm se apontado a cultura organizacional como fator contribuinte para a ocorrência destes acontecimentos.
Muito importante e infelizmente, poucos prestam atenção como é fundamental que as organizações devem se preocupar em desenvolver uma cultura de valor voltadas para a segurança do trabalho e proteção ao meio ambiente.
A política de ESG / QSMS-RS e Sustentabilidade deve encorajar de uma forma clara e persistente o reporte de ações e atitudes não seguras, falta de compliance, definindo uma linha entre o aceitável (erros / acidentes) e o não aceitável (negligência / imprudência), providenciando uma proteção justa e valorizando quem reporta.
Nas organizações em que há uma cultura de ESG / QSMS-RS e Sustentabilidade estabelecida, considerando a segurança e proteção ao meio ambiente como um VALOR, as situações de risco são identificadas e discutidas abertamente para que sejam melhorados os procedimentos e sistemas ao invés de se identificar e punir os indivíduos.
Um gestor exercendo um papel de polícia ou de guarda de trânsito, em que acredita que tem que estar presente em todas ações, multando, chamando atenção, punindo e nada mais, ou seja, a pessoa mais chata e intransigente da empresa.
Não tem mais espaço dentro das organizações.
É possível reduzir o erro, mas nunca o eliminá-lo.
Significa que a responsabilidade só deve ser atribuída àqueles que tenham sido imprudentes ou claramente negligentes na execução do seu trabalho.
O modelo de cultura justa tem evoluído nas indústrias de alto risco como: a de óleo e gás, mineração e energia, pois ela, não retira a responsabilidade dos indivíduos.
O princípio da “CULTURA JUSTA” deve ser aplicado a todos os níveis dentro da organização: as pressões exercidas na administração são similares às exercidas na operação e, por isso, devem ser reconhecidas e esclarecidas.
É importante que qualquer fato relacionado com o QSMS-RS e Sustentabilidade, especialmente os erros humanos ou organizacionais, devem ser considerados como uma valiosa oportunidade para melhorar as operações (através da experiência, do feedback e das lições aprendidas).
Colocar os erros/acidentes debaixo do tapete ou fingir que não existem, não deve ser uma prática recomendável, ainda mais quando falamos em PREVENÇÃO.
Vamos pegar por exemplo a taxa de frequências de acidentes por exemplo. Ter essa referência com índice baixo não significa que as coisas estão bem e nem de que não vai acontecer acidente, longe disso.
Em um trecho/indústria com milhares de empregados, será que ninguém nunca deu uma martelada no dedo???
Me engana que eu gosto!
Quando corporativo, assistia apresentações dos gerentes de QSMS-RS mostrando orgulhosos suas estatísticas de quase ZERO de acidentes.
E sempre me questionava, será? E os desvios e quase acidentes? Nada?
Perderam uma boa oportunidade de discutir, evoluir e melhorar os processos, comigo.
Como uma grande maioria dos erros são isentos de culpa, algumas pessoas conscientemente criam condições propícias para os seus próprios erros.
Uma cultura justa é aquela em que todos sabem o que é aceitável e o que a organização pode tolerar.
Os erros são vistos como oportunidade de aprendizado. Quem comunica o erro, é valorizado por isso.
Porém, essa abordagem não se limita a ser não-punitiva.
Por isso, dentro da organização as normas devem explicitar a diferença entre expectativa e obrigação.
Não há cultura de Comunicação, nem de aprendizado, sem a Cultura Justa.
A excelência de desempenho é uma decisão individual, nunca obtida por meio de ameaças ou punições.
Nenhuma organização é obrigada a tolerar violações intencionais das suas normas.
A fronteira entre o aceitável e o inaceitável não depende totalmente de punições.
Indivíduos capazes e motivados também erram.
A punição não previne o erro, mas as defesas contra o erro normalmente não funcionam contra a violação.
Em algumas violações, o erro foi subestimar a probabilidade de ser descoberto. Esse erro é inaceitável.
Ênfase no processo, independentemente dos resultados.
Para muitos gestores, é difícil entender, que nenhum acidente ocorre sem a contribuição de uma falha de supervisão ou por um conjunto de decisões gerenciais.
Por isso, a ênfase precisa ser no procedimento e não nos resultados.
Não basta dar o exemplo, é preciso ser o exemplo.
O comprometimento não é passível de imposição e pedir pouco adianta.
Sabe-se que sem liderança, não se forma a cultura Justa.
Para se ter sucesso na constituição de uma cultura justa, é importante que as pessoas percebam que a liderança é determinante nessa construção.
A máxima que o colaborador observa tudo, é uma das grandes verdades do trecho/chão de fábrica.
Quando você se questiona sobre o que é ser um bom líder ou se você for comprometido com seu trabalho, é válido que se pergunte se você é como queria que fosse quem lidera você?
É possível notar que a empatia do Líder é o seu atributo mais importante quando se fala de QSMS-RS e Sustentabilidade.
Em uma cultura justa, a verdadeira motivação para tratar violações de forma diferenciada tem que ser a de elevar a segurança e proteção ao meio ambiente, e não a de poder punir sem comprometer a prevenção.
Estamos juntos!