Ultimamente com tantos prêmios, e reconhecimento na área de sustentabilidade corporativa, passou a ser politicamente correto para as organizações, ter em seus quadros profissionais ligados as áreas social e ambiental.
E claro, a mídia e os políticos mais antenados com o momento também passaram a falar em sustentabilidade.
Agora que estamos dando valor ao tema, “infelizmente “só depois de centenas de acidentes socioambientais, e descaso com o tripé ESG (Meio ambiente, social e Governança) a questão da Sustentabilidade Corporativa foi dada a verdadeira importância, e com razão.
O tema normalmente fica aquecido depois de um grande acidente socioambiental ou é o tema de reuniões importantes, “infelizmente”, mas espero que seja para sempre.
Mas será que todos estão falando da mesma coisa quando citam esse tema, ou melhor, será que tem a menor ideia do que estão falando?
Eu sou do tempo que sustentabilidade era só sobre recursos naturais, depois foram jogando tudo que ninguém queria em sua área, muito menos a produção e passaram para nosso departamento de QSMS-RS & Sustentabilidade!
Esse troço de Sustentabilidade, Qualidade, Segurança Saúde Ocupacional, Meio Ambiente, Compliance, Responsabilidade Social e Relações com as comunidades vai enfiando aí e dá o seu jeito com seus Kpis.
“Os acionistas estão olhando nossos resultados e sem falar da sociedade, escutei uma dessas alguns anos “
E pode ter certeza gestor da área, ainda vão jogar mais coisa no nosso departamento.
Só na hora que o bicho pega é que se volta a falar dos pilares (QSMS-RS) como base de uma empresa com Sustentabilidade Corporativa.
Mas vamos voltar ao tema.
O termo sustentabilidade corporativo na minha visão de quem vive, come e respira QSMS-RS e Sustentabilidade apresenta dois desafios, sendo bem simplicista:
O primeiro é chegar a um consenso sobre o seu significado, é comum ser utilizado apenas como sinônimo de investimento na área ambiental.
E o segundo é perceber qual o papel de cada um de nós dentro de uma política realmente sustentável dentro da organização.
Essa confusão de conceitos e práticas não está apenas na cabeça do colaborador /cidadão comum, mas em várias discussões em eventos que eu participo.
É triste assistir quando qualquer assunto acaba indo na conta da sustentabilidade, sem esta ter nada a ver como o real significado.
Mas põe na conta que fica bonitinho.
Se formos questionar aos colaboradores de qualquer segmento da economia sobre o que é ser Sustentável e Sustentabilidade corporativa.
Vamos verificar que apenas alguns poucos relacionam o tema ao conceito do triple bottom line (desenvolvimento econômico com responsabilidade social e ambiental).
Os demais dizem qualquer coisa que seja agradável.
Uma parcela significativa consegue relacionar o tema apenas a um dos pilares, o Ambiental.
Ou seja, o “M “, do QSMS-RS
Outro conceito muito falado e difundido, é sobre adotar práticas no presente que não comprometam as gerações futuras.
Em conversas, pode se dizer que existe um pouco de entendimento sobre os riscos ocasionados pelas mudanças climáticas e existem alguma opinião formada a sobre impactos socioambientais, mas somente por causa dos grandes desastres ambientais ocorridos ultimamente.
Mas muitas das vezes não conseguem perceber o nosso papel nessa engrenagem.
Um conceito mais amplo sobre sustentabilidade que ultrapassa as barreiras das iniciativas voltadas apenas à proteção do meio ambiente necessita ser um consenso entre nós.
Realmente precisamos de lideranças empresariais, políticas e sociais comprometidas com as mudanças que uma sociedade sustentável exige e, acima de tudo, capazes conduzirem esse processo.
Porém, precisamos também começar a fazer a nossa parte.
Somos responsáveis em exigir práticas econômicas éticas, mas também em sermos éticos nas pequenas decisões econômicas nas relações interpessoais, nos nossos lares, nos nossos ambientes de trabalho.
É triste observar que as empresas hoje enchem a boca dizendo que agora terão um departamento de compliance, e que compliance é isso ou aquilo em nossa empresa.
Fala sério, que dizer que antes podia?
Bastou o dono ser preso, os diretores também e mudou tudo?
Somos responsáveis por reivindicar a preservação dos nossos ecossistemas, mas também por adotar uma postura ética.
Coerência entre o discurso e a prática é um bom começo para conquistar confiança no ambiente corporativo e para nossos filhos.
Somos responsáveis por cobrar políticas sociais eficientes sem interesses meramente eleitorais, mas também temos de nos sentires instigados a compartilhar o nosso conhecimento em prol do desenvolvimento do outro.
Para que essa evolução sobre o entendimento em ser Sustentável e Sustentabilidade empresarial aconteça, no entanto, uma mudança cultural precisa ganhar espaço dentro das organizações e de nossa sociedade.
Não existe atalho em Sustentabilidade, muito menos no mundo corporativo.
Estamos juntos!