Trabalhando no Sudão do Sul, Etiópia e Somália, em projetos de eólicas, solar e geotérmica pude sentir na pele o que é a falta de água e consequentemente de alimentos e sentir na pele o que é realmente um grande IMPACTO SOCIOAMBIENTAL
E já não é o suficiente e muito triste, assistir aqui no Brasil o mesmo problema em nossas grandes cidades como a falta de água que considero uma catástrofe ambiental.
Não podendo deixar de mencionar esta frequência assustadora e aumentando de acidentes socioambientais.
Mariana, Brumadinho, Barcarena , vazamentos de óleo tanto no mar como em rios, caminhões tombados com produtos perigosos e lançamento de resíduos tóxicos na calada da noite por parte de indústrias sem o menor critério socioambiental, faz-se imprescindível iniciar um profundo debate sobre o que é necessário fazer para eliminar, ou ao menos minimizar, as possibilidades de novas catástrofes anunciadas como estas.
Esses episódios não trazem apenas a degradação do ambiente natural, mas também prejuízos à população atingida, que sofre com perdas financeiras, tem sua saúde ameaçada, experimenta traumas no campo emocional e ainda fragmentação da teia comunitária.
Somam-se ainda aos danos sociais e ambientais, o ônus público da assistência aos desabrigados, às obras emergenciais, gastos com remédios, internações hospitalares e assim por diante.
Detendo-se apenas ao campo mais visível deste balanço de perdas e danos, fica evidente que acontecimentos como este precisam ser considerados como um atentado aos direitos humanos.
A sociedade brasileira não pode mais admitir que a discussão pública dos desastres ambientais se dê apenas no calor dos acontecimentos e que a atuação dos órgãos públicos seja restrita ao âmbito da mitigação e da compensação ambiental.
Não é nada sensato trabalhar sempre na remediação das consequências em detrimento à prevenção.
O Brasil possui uma das legislações ambientais mais avançadas do mundo com órgãos fiscalizadores altamente capacitados, e por isto pode e deve radicalizar o combate à ilegalidade em todo o país, em todas as áreas, desde a corrupção da fiscalização, à lei de Gerson, à irresponsabilidade do desenvolvimentismo insensato e à busca desenfreada por grandes lucros financeiros.
A binômia Tolerância Zero, ou seja, fazer cumprir a legislação vigente e Educação Ambiental, entendida como um processo de construção de um novo olhar sobre o ambiente e as relações, pode significar o caminho para a mudança cultural que os órgãos públicos brasileiros precisam efetivar.
Inúmeros são os desafios que se colocam para que esta equação possa ter os resultados esperados. Trata-se de um processo de alta complexidade que não pode ser instaurado por decreto e não depende apenas da vontade dos governantes.
Dada a dimensão e complexidade dos problemas a serem enfrentados é necessário que o governo mobilize gestores e legisladores públicos para que reconheçam a importância da questão ambiental, conheçam os números assustadores da degradação, tomem consciência das ameaças à qualidade ambiental, percebam as conexões existentes entre as ações antrópicas e os fenômenos da natureza e saibam dimensionar suas consequências.
Gestores em todas as esferas precisam ser convencidos a interromper de vez o ciclo de ocupações de áreas de proteção permanente e enfrentar o problema das que já existem, encontrando alternativas de moradia para aquelas comunidades, mesmo que isto signifique a perda de um reduto eleitoral.
Vai ser preciso trabalhar muito para acabar com o falso dilema do desenvolvimento ou conservação ambiental.
Há que envolver a classe empresarial levando até ela, especialmente às micro e pequenas empresas, o conhecimento das novas alternativas tecnológicas, ambientalmente aceitáveis, que possibilitem a continuidade de suas atividades econômicas.
Estamos juntos!